domingo, 27 de maio de 2012

não era Capitu...

mas tinha olhos de ressaca.


L - Eu preciso vomitar
*- Bulimia? rs
L- Antes fosse
*- Ah se fosse estupro, ah se fosse paixão rs
L - Ah se fosse...
*- Você está muito de ressaca? rsrs
L - Essa ressaca tem outro nome, outros nomes, nossa! muitos nomes...vou vomitar!



Ilusão de Ótica 14.

Tudo parecia uma enorme pintura abstrata onde nada acontecia, além do movimento de gente passando pra olhar.
Eu cansei de passar pra olhar e decidi ficar ali, fitando aquela gravura, pelo maior tempo possível. Suas cores eram tão vivas e constrastantes que pareciam lutar umas com as outras. As pinceladas eram tão firmes e, ao mesmo tempo, aparentemente aleatórias, que pareciam ferir a tela. Eu tecia todo tipo de comentário a respeito da obra para mim mesma, enquanto todos os outros apenas passavam desatentos, perguntando uns aos outros onde ficavam as pinturas realistas.
De real, basta o mundo. Eu quero é partir em busca do que é incógnito, improvável e incorreto. Eu vejo sentido no abstrato e, sim, muita vida no que muitos convencionaram chamar de 'natureza morta'.
O que é mais abstrato do que o amor? Ele não tem forma nem cor, mas é o que me faz parar o coração. A gente busca incessantemente essa sensação de enfartar de amor, de sentí-lo pulsando e estourando nossas veias. Que outra coisa nos leva a isso? O que mais justifica todos os poemas, todas as músicas, toda a angústia e inspiração do mundo?
Só ele, o amor. A pintura abstrata que muita gente já não aprecia mais. Em busca de retratos reais, a gente se joga nas cordas do comodismo, esquecendo o verdadeiro motivo de estarmos aqui.


Não consegui dormir, pensando nisso, e em inúmeras outras coisas. É vida em excesso. É muita informação pra uma cabeça só.

domingo, 20 de maio de 2012

Episódio 1: Presidente Castelo Branco

Chegando ao fim de seu percurso, ainda ofegante, ela deposita todo o peso de seu tronco sobre as mãos nos joelhos e fala a si mesmo uma porção de coisas que, aos ouvidos alheios, não têm nexo algum. Ela balbucia as mesmas lamúrias repetitivas que sempre fizeram parte da sua vida, como se lhe fossem combustível vital e imprescindível para o funcionamento do coração.
Com parte do fôlego recuperada, ela torna a andar, procurando nos olhos dos passantes algum vestígio do semblante daquela que ela tanto procurou. Percebe estar totalmente perdida, e resolve perguntar ao homem que ali estava sentado, entoando canções em troca de moedas:

- Aonde foi que eu errei?

- O brilho que emana da tua alma pode ser visto a qualquer distância. O teu erro foi querer mostrá-lo a uma moça cega dos dois olhos.



quinta-feira, 17 de maio de 2012

escrever amor nos braços dela

 Queria ser o melhor que posso ser, porque de algum jeito conclui que era o que você merecia.
Repeti na minha cabeça o quanto te queria pra mim, inúmeras vezes. Por todo tempo, o tempo todo.

Quis saber o que você faria se te confessasse que sou tua.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O que é que o teu reflexo diz?

 O que seu espelho mostra pra você, quando você está de frente pra ele? O que é que você diz de você mesmo, do que você faz, do que você fez, do que você pensa? Seria possível tamanho distanciamento de si mesmo, a ponto de tecermos uma auto-avaliação que não seja contaminada pela nossa vaidade?
 O que tenho descoberto é que, a cada dia que passa, nós, que acreditamos em nós mesmos, vemos no reflexo algo cada vez mais parecido com o que sonhamos. Que fique claro que não me refiro, aqui, à imagem física, às aparências e às enganosas armadilhas que essas nos colocam pelo caminho. Eu falo de sonhos, e de objetivos, que nada mais são do que sonhos dos quais a gente realmente está correndo atrás. Eu falo de missões que a gente dá a si mesmo. Estamos cumprindo? Estamos, ao menos, tentando cumprí-las? Será que a gente sabe qual é a nossa missão aqui?
O espelho pode nos dizer isso melhor do que ninguém. Estou cansada de gente que não consegue olhar nos olhos, pura e simplesmente por não saber que é atrás dos olhos que se encontra a nossa alma, nosso verdadeiro ser. Essas pessoas não conseguem nem olhar nos seus próprios olhos, pois sabem que vão ver o que não querem, mas sabem o que é. Sabem que estão em débito para consigo mesmos, e não se demonstram interessados em saldar essas dívidas.
 Falando assim, posso parecer feita de certezas, quando, na verdade, não passo de uma mulher cheia de dúvidas. Mas são essas dúvidas que me guiam atrás de respostas. E o que eu digo aqui, eu aprendi durante essas buscas infindáveis. Quantas vezes acabei encontrando uma pergunta ainda mais inquietante, quando tudo o que eu queria era uma resposta curta e certeira. Não há. Nunca houve. Algumas delas o espelho me conta, quanto a outras, me dá somente dicas confusas. E tem também aquelas que são tão complicadas que eu nem sei por onde começar a perguntar. E é por não ter respostas para tudo que eu acabo escrevendo pra mim mesma essas perguntas. Um dia eu vou saber responder.


http://bloogdafe.wordpress.com/tag/to-write-love-on-her-arms/

segunda-feira, 14 de maio de 2012

tire essa armadura se tu queres é lutar

Você se esquece que te foram dados dois braços justamente para que você tenha como carregar o escudo e a espada. Então o que é que você faz com dois escudos? E por quê essa armadura envolve teu corpo, e esse muro envolve tua casa?
 Saia para caminhar comigo e sinta o peso dos seus dois escudos. Tente equilibrar-se, lutando contra o forte vento que te quer levar com ele para onde quer que seja. Eu caminhei por tanto tempo com escudos iguais aos teus que, hoje, livre, meus passos são (des)cuidadosamente rápidos. Eu demorei, mas consegui me despir da armadura e me desprover dos escudos. Hoje eu aposto comigo mesmo quantos passos eu consigo dar com os olhos fechados. Isso me instiga.
 Na verdade, eu adoraria, de olhos fechados, me espatifar contra o teu muro. Já tentei uma vez, sim, aquela vez em que tomei uma rasteira. Mas vou tentar denovo e denovo, até que teu sono seja abruptamente interrompido pelo quebrar de meus ossos. E não vai ser só a sua armadura que eu vou tirar.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

A realização é droga.


E não foi qualquer show. Foi um show de graça, no olho do furacão da segunda ou terceira maior cidade do mundo. Quantas pessoas ali? 20mil? 30mil? 50mil? 
Foram espremidos em 60 minutos um setlist que tinha novidade, velharia, alguns hits e muita trilha-sonora pra bater cabeça, pois eu viajei 600km para bater cabeça.
Voltando pra Minas Gerais, cadê as ruas engarrafadas de São Paulo? Todas vazias, de um jeito que chega a dar medo. E, ali, ninguém jamais poderia estar mais feliz do que eu,. Apenas eu, o barulho quase nulo das catracas, o vento fazendo zumbido passando pelos alargadores, e a Anhanguera vazia.

Eu preciso virar astronauta.

Eu poderia dizer que não quero mais nada da vida, mas eu quero, sim. Eu quero sentir isso mais vezes e, se possível, de formas ainda mais intensas. Eu não quero estar pronto para a próxima, eu quero é me surpreender. E que seja bonito do jeito que foi hoje. E que seja de verdade como sempre foi.

A realização é droga, veneno e combustível.

E, que o céu, em sua ilusão de paraíso merecido, seja uma avenida infinita.

Sem freios, sem chefes, sem deuses, sem nada.

Só eu e meus ensurdecedores pensamentos.

  


- parafraseando Lucas Silveira