Têm quem colecione selos, garrafas, figurinhas de álbuns de infância,
carros. E tem eu, que coleciono relacionamentos mal acabados. Tudo
começou na faculdade quando por algum motivo eu pensei que não precisava
terminar um “namoro” que na verdade nunca existiu. Esqueceram de me
avisar que meninas são complicadas até nisso, para ela existiu. Depois
disso veio meu primeiro namoro de verdade que também nunca teve um fim
oficial.
Eu admito, sempre tive dificuldade com despedidas. O momento do tchau
não é um dos meus preferidos. É que dói aceitar que uma pessoa que por
um tempo dividiu tudo com você, em algum momento não vai mais estar ali,
e é você que esta fazendo assim.
Com pontos finais, vírgulas ou reticências a vida sempre seguiu. Os
anos foram passando e a coleção, consequentemente, aumentando. Nunca
consegui me livrar desse problema em dizer “adeus”.
Hoje tenho mais relacionamentos mal acabados do que amigos. Admito
que alguns deles eu gostaria de por um ponto final, é que a convivência
parece mais leve quando feito isso. Existem aqueles os quais eu nunca
quis por sequer uma vírgula, mas os caminhos da vida fizeram assim. E
têm aqueles os quais as reticências ainda dão esperança de que a
história um dia continue.
Empoeirada na estante de cima da memória essa coleção parece longe de
ter um fim. E sabe-se lá quantas peças novas ainda posso agregar a ela.
É que a cada esquina a gente pode trombar com alguém, nunca se sabe os
caminhos que a vida leva até trilhar por eles.
Eu posso começar uma nova história e dar a ela um final descente, eu
posso começar uma nova história e fazer com que ela não tenha um fim. Eu
posso pegar um desses relacionamentos mal acabados e dar a eles um novo
fim. Verdade seja dita, estou cansado de finais. Talvez eu só precise
mesmo é de uma continuidade.
No último item da minha coleção eu guardo também sorrisos, olhares, beijos e promessas. A vírgula que transforma em ponto final, e
a dor de ainda se encontrar nas reticências.